Conhecido como o mais belo dos belos, o Ilê Aiyê consolidou a autoafirmação negra.
O Ilê Aiyê já cravou seu nome na história do Carnaval de Salvador. Conhecido como “o mais belo dos belos”, o tradicional bloco protagoniza um dos momentos mais aguardados da folia: a saída do Ilê Aiyê, ao subir a ladeira do Curuzu, no bairro da Liberdade, abrindo caminho para o desfile no Campo Grande.
Patrimônio da cultura baiana, o Ilê foi fundado em 1974 por Antonio Carlos dos Santos Vovô. Lenda do carnaval baiano, o Vovô do Ilê trabalhava como encanador caldeireiro em um polo petroquímico de Salvador quando as atividades do bloco começaram. Com o dinheiro que recebia, Vovô “patrocinava” os ensaios.
O primeiro desfile foi no Carnaval de 1975, de forma improvisada, com um fusca, emprestado por um vereador. Mas o veículo sumiu no meio do percurso e o Ilê seguiu a Avenida cantando no gogó. Cerca de 100 pessoas acompanhavam. Com bravura e teimosia, o maior e mais antigo bloco afro do Carnaval de Salvador reuniu apenas negros e negras em seu desfile. A decisão causou polêmica no início, mas serviu para consolidar uma atitude de autoafirmação negra.
Ao longo de seus 48 anos, a luta do Ilê nas ruas de Salvador foi além da festa do rei momo. É preservação, valorização e expansão da cultura afro-brasileira e história de um povo forte, guerreiro. O Ilê Aiyê levou a cultura afro-baiana para o mundo.
E como canta Caetano, quem já viu o Ilê Aiyê desfilar no carnaval na Bahia sabe o quanto é “bonito de se ver”.
Em celebração ao Novembro Negro, a playlist “Um abraço negro” reúne uma seleção com o melhor de quem segue fazendo a história ser cantada. Disponível do Spotify e Deezer. Ouça agora!